Sempre falamos sobre Comunicação, que é nossa alma! Quanto mais conhecemos, mais queremos conhecer. Afinal, comunicação é vida nas organizações, é transcender realidades. Estamos hoje olhando para uma comunicação como processo, e não mais meramente informacional. Comunicação de Risco (CR), significa ampliar a consciência, antever crises, tomando decisões nos diálogos que são construídos e reconstruídos com diferentes stakeholders. CR é comportamento estratégico, esses que cotidianamente buscamos aprender para nos distinguirmos enquanto profissionais que fazem diferença nas organizações. Vale destacar que não estamos falando de crises ou gestão de crises e sim em comportamentos para antever crises, o que significa movimentos organizacionais que construam realidades mais dinâmicas e equilibradas, em razão da percepção e da consciência dos stakeholders sobre possíveis riscos nas relações com as organizações.

Comunicação de Risco (CR) é uma abordagem nova, assim como a Comunicação Constituindo Organização (CCO). Elas são próximas porque atuam justamente na construção dos fatos e não na comunicação dos fatos ocorridos em uma organização, como tenho defendido.

Falemos mais detalhadamente sobre CR: um “processo interativo de troca de informações e opiniões entre os indivíduos, grupos e instituições sobre um risco ou risco potencial para saúde humana ou para o ambiente” (National Research Council, 1989). Assim, quando incorporada nas ações de uma organização a CR orienta o comportamento e os relacionamentos com stakeholders de forma diferenciada, pois promove a reflexão, a compreensão e o conhecimento sobre os possíveis riscos que podem afetá-los.

CR é processo, é proximidade, é relacionamento, é desenvolvimento de consciência, é conversação, é construção, é prevenção, é tomada de decisão coletiva. CR habilita e capacita as organizações para antever realidades. Assim a CR transcende a transmissão de informações técnicas sobre os riscos e os perigos, e centra no diálogo para a tomada de decisões que possam antever a emergência de crises. A CR leva em consideração aspectos relacionados ao contexto histórico, social e cultural dos indivíduos, e tem como mote a perspectiva da interação entre os sujeitos.

A CR colabora para que todos os envolvidos se preparem e se conscientizem sobre os possíveis acontecimentos agindo no sentido de mudar o futuro. O diálogo, a troca de experiências contribui para evitar que os riscos se materializem e se transformem em crises. Esse relacionar-se, garante a organização que os sujeitos sejam agentes no processo de construção das novas realidades em função das decisões que são tomadas coletivamente. Essa é uma das essências da comunicação como processo, construir realidades.

Assim, trabalhar as percepções dos riscos, para que os sujeitos em diálogos construam consciência sobre os riscos é condição de existência das organizações do amanhã. A Comunicação de Risco é assim um processo sustentável pois ao se relacionar com stakeholders tornando-os conscientes da situação de risco, oportuniza escolha de caminhos, e possibilita que os sujeitos construam seu futuro com ações no presente, preservando valores para as próximas gerações. Organizações que tem a CR como prática, vivenciam relacionamentos autênticos com seusstakeholders e certamente modificam o futuro.

NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Improving Risk Communication. National Academy Press. Washington, D.C., 1989.

Marlene Marchiori
Texto também publicado na ABERJE (Associação Brasileira de Comunicação Empresarial)