Por Marlene Marchiori e Larissa Sena*

A sustentabilidade é um conceito que pode ser utilizado pelas empresas como um diferencial competitivo no mercado. O entendimento a seu respeito, no entanto, geralmente é negligenciado. Para Ignacy Sachs (1993), são cinco dimensões a serem consideradas: social, econômica, ecológica, espacial e cultural. Por isso uma organização que se diz sustentável deve levar em conta valores relacionados à coletividade, à melhoria de condições econômicas, sociais e ambientais e ao respeito a diferentes culturas.

Organizações são pessoas (TAYLOR; CASALI, 2010). Quando dizemos que uma organização cultiva esses ou aqueles valores, estamos nos referindo aos indivíduos que fazem parte da organização; estamos dizendo que são eles quem cultivam tais valores. A diferença entre o discurso e as práticas organizacionais provém da falta de compreensão dos funcionários acerca do conceito de sustentabilidade (CLARO; CLARO; AMÂNCIO, 2008). Por isso, quando os funcionários praticam ações consideradas sustentáveis apenas porque estão cumprindo ordens superiores, isso não é sustentabilidade, são ações isoladas.

A assimilação dos valores sustentáveis pelos membros de uma organização pode ser um processo de aprendizagem, visto que as interações entre os sujeitos promovem a troca de conhecimentos e experiências (COOREN, 2006). Considerando o potencial educativo da comunicação, é possível trazer para o ambiente organizacional reflexões importantes para a autocrítica individual e coletiva. Todos precisamos entender as vantagens que tais valores trazem para as nossas vidas.

Assim, a sustentabilidade leva à humanização das organizações, pois implica na reflexão acerca de nossas práticas cotidianas. Pensar todas as dimensões propostas por Sachs (1993) e relacioná-las às nossas vidas significa considerar o outro e considerar a si mesmo na perspectiva do outro, a fim de compreendê-lo. Entender como somos vistos pelos outros nos leva a repensar nossas atitudes e o modo como conduzimos nossas relações com as pessoas no dia-a-dia.

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*Larissa Sena – Iniciação Científica do GEFACESCOM.

Referências
CLARO, P. B. de O.; CLARO, D. P.; AMÂNCIO, R. Entendendo o conceito de sustentabilidade nas organizações. Revista de Administração, v.43, n.4, p.289-300, out./nov./dez. 2008.
COOREN, F. Arguments for the In-Depth Study of Organizational Interactions: A Rejoinder to McPhee, Myers, and Trethewey. Management Communication Quarterly, v.19, n.3, p.327-340, fev. 2006.
SACHS, I. Estratégias de transição para o século XXI. In: BURSZTYN, Marcelo. Para Pensar o Desenvolvimento Sustentável. São Paulo: Brasiliense, 1993. p. 29 – 56.
TAYLOR, J.; CASALI, A. Comunicação: o olhar da “Escola de Montreal” sobre o fenômeno organizacional. In: MARCHIORI, M.(Org.). Comunicação e Organização: reflexões, processos e práticas. São Caetano do Sul: Difusão Editora, 2010.