Ao analisarmos o conceito de cultura organizacional devemos priorizar duas definições: a cultura em si e a organização, entendendo a comunicação como um processo natural e inerente a construção dessa realidade. A partir daí, podemos compreender culturas nas organizações como um fenômeno que vem sendo estudado e observado. Em 1951 Jacques trouxe a tona o termo ‘cultura’ como uma variável interna, no âmbito da organização. Na década de 80 os estudos organizacionais desenvolveram-se com intensidade. No campo acadêmico os Estados Unidos publicou no periódico Administrative Science Quarterly em 1983 um volume inteiramente dedicado ao tema sendo a cultura vista como produto e processo continuamente criado por pessoas em processos de interação. No campo profissional, as obras que surgiram na mesma época nos Estados Unidos: Cultura Corporativa, Deal e Kennedy; e Em Busca da Excelência, Peters e Waterman, assim como artigos nas Revistas Business Week e Fortune, sugeriram o entendimento da cultura ligado a performance das organizações, ou seja, o discurso marcante: desempenho das organizações sob uma visão direcionada ao gerenciamento da cultura. Particularmente minha reflexão sobre cultura organizacional se dá na relação com a comunicação, entendendo que cultura é criação de significados e que a comunicação, por meio da relação e da interação entre pessoas, ao gerar sentido para as ações, possibilita a negociação e a criação de significados, contribuindo para o processo de formação das culturas em uma organização. Ou seja, não temos uma única cultura na organização, mas diferentes culturas que convivem e se respeitam, e fazem sentido para um grupo de pessoas que dela participa. Soma-se a essa reflexão entendermos que a cultura não é uma entidade estática que esta lá, muito pelo contrario cultura é formada continuamente, movimentando a organização. Passa a ser fundamental observar a diversidade presente nas organizações e ao falarmos em culturas devemos segundo (Hacth & Schultz, 2002) observar o contexto implícito e emergente.

Defino a cultura em uma organização como um fenômeno essencialmente interativo a partir do momento em que os grupos observam e interagem com o mundo ao seu redor. Por meio deste processo, as pessoas podem simbolizar e atribuir significados a eventos e objetos.

Quanto mais se aprende sobre comunicação, mas se entende que todo comportamento é potencialmente comunicativo, e os indivíduos tanto agem como reagem aos eventos comunicativos (HARRIS et al., 2008), sendo fundamental entender o significado do que acontece. Cultura, de acordo com Geertz (2001), é um sistema de concepções expressas herdadas em formas simbólicas por meio das quais o homem comunica, perpetua, e desenvolve seu conhecimento sobre atitudes para a vida.

Há três maneiras de se observar a cultura nas organizações, as quais ocorrem em uma mesma organização ao observarmos os diferentes ambientes: integrada, diferenciada e fragmentada (MARTIN, 2001). INTEGRADA: Vista como homogeneidade, consenso em valores e transparência. DIFERENCIAÇÃO: Destaca as subculturas (conflito ou coexistência). Característica predominante: multiplicidade de culturas. FRAGMENTAÇÃO: Ambigüidade organizacional (ironias e paradoxos), mudanças constantes, relações complexas. Análise recai nas relações de interesse e consensos transitórios. Vai depender da situação vivenciada pela empresa o entendimento e a prática de cada uma destas perspectivas. Por exemplo, uma organização que não da voz para as pessoas, é bem provável a existência de um nível de frustração. Mas vamos supor que esta realidade de comando, tem sentido para aquele organização, as pessoas vivenciam naturalmente essa realidade e sentem-se bem, não há como contrapor. Venho referenciando a comunicação como um processo abrangente e formativo, que oportuniza maior desenvolvimento nas organizações, que acresce capacidade nas pessoas, que estimula o conhecimento e que modifica estruturas e comportamentos. A perspectiva da comunicação como processo é uma postura que permite as pessoas explorarem suas potencialidades e desafiarem-se como seres humanos.

 

Sobre cultura e comunicação organizacional consulte:

MARCHIORI, Marlene. Cultura e Comunicação Organizacional: um olhar estratégico sobre as organizações. 2. Ed. São Caetano: Difusão Editora, 2008.
MARCHIORI, Marlene (Org.) Faces da Cultura e da Comunicação Organizacional. 2. Ed. Volume 1. São Caetano: Difusão Editora, 2008.
MARCHIORI, Marlene (Org.) Faces da Cultura e da Comunicação Organizacional. 2. Ed. Volume 2. São Caetano: Difusão Editora, 2010.
MARCHIORI, Marlene (Org.) Comunicação e Organização: reflexões, processos e práticas. São Caetano: Difusão Editora, 2010.